Survivor - vol. 2

Talvez faça sentido começar por falar do 'Survivor - vol 1'. Há já vários anos que no verão participo em campos de férias, primeiramente enquanto miudinha de boné enterrado até às orelhas e pungentes escaldões, e, mais recentemente, como monitora de crianças notoriamente mais espertas ou com melhor protector solar. Quem participa nestes chamados Campinácios (ou Campiparvos, por amor ao movimento) sabe que durante 2 semanas vai ser continuamente abraçado, embalado e importunado pela Natureza. Mas ainda assim há limites. De tal forma que, após 40 de um total de 60 pessoas terem ameaçado expelir as entranhas, decidimos considerar-nos sobreviventes à Salmy (nome fofinho que demos à Salmonella que connosco partilhava a água do rio).

Fluídos biológicos e nosologias bacteriológicas à parte, admito que quando alinhei num fim-de-semana de actividades radicais os meus padrões eram, de forma subconsciente, bastante elevados. Comecei por adorar o lago em forma de crescente do parque de campismo onde tudo teve lugar, os bungalows e o pequeno restaurante onde jantámos. E depois alguém introduziu um tal de 'Face Game' e o meu cérebro sentiu que tinha de usar boné outra vez. Felizmente, aquela foi a única actividade onde tivémos de correr com um propósito idiota, que consistia em encontrar as respostas dos organizadores a perguntas tais como: «What's the naked man?», «What's love?» e «What did you get for Christmas?». Começo a sentir que o nome do jogo tinha algo a ver com a nossa expressão aparvalhada.


Foi um fim-de-semana de novas amizades, muitos portugueses (novidade!), passeios de gaivota e barco a remos no lago, enigmas lançados por um velho sábio, arrepios de unhas cravadas no arnês enquanto o chão parecia balouçar 3 metros abaixo, uma caça ao tesouro ao bom velho estilo do Fort Boyard, coloridas marcas de guerra nos ténis à conta de entusiasmados confrontos de paintball, cerveja a preço de uva mijona, refeições típicas checas, licor peixe-cobra-escorpião doce altamente mortífero e convívios autênticos em torno de uma fogueira ao ar livre.


E lá pelo meio tive de resgatar uma chave de um boião cheio dos tão afamados "monelhos de cavelo", andei a correr feita cãozinho louco dentro de uma bola de plástico insuflável gigante que se assim se movia à superfície do lago e, por último, provei pequenas minhocas fritas, que foram a coisa menos confeccionada que alguma vez comi na República Checa (onde, cada vez que cozinham, parece que há um acidente em que a prateleira das especiarias cai dentro da panela).


O saldo final do 'Survival Weekend' envolve muitas gargalhadas, picadas de mosquitos, um ligeiro escaldão (afinal o boné...), apenas uma entorse (alheia) e nenhuma ocorrência de salmonelose. Ufa.

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