Um pequeno pontapé nos rins

Após um completíssimo estágio de Neurologia e um fascinante embora curto curso de Medicina Legal, com autópsias a valer, confesso que guardava algum receio em relação ao estágio de Nefrologia. Por várias razões: porque não me fascina, porque aparentemente o professor é muito pouco simpático e porque é rigorosamente do outro lado da cidade.

Assim sendo, e começando as aulas às 8h, às 6h50 estava a sair da residência e uma volvida hora entrava no Motol, um dos maiores hospitais da Europa. Durante 10 minutos procurei o auditório cuja descrição tinha encontrado no website da faculdade. Não resultou. Depois perguntei a funcionários, médicos e estudantes, dirigi-me à secretaria da faculdade e à secretaria do hospital, consultei o plano de orientação das quatro torres do maldito hospital, e, após ter calcorreado mais ou menos os 6 andares e 4 caves de cada uma das ditas torres, conclui que a localização do serviço de Nefrologia é um dos segredos mais bem guardados do hospital. Eram então 10h.

Por outro lado, sei que o Motol tem um total de 3 supermercados e 5 cafetarias, muitas caves estranhas e húmidas onde habitam bolas de cotão do tamanho de texugos, um permanente cheiro a caril e sopa de cebola, e suponho que não me vou perder a caminho do estágio de Ortopedia e de Gastroenterologia porque passei em frente às respectivas enfermarias incontáveis vezes. Mas não sei como contornar o problema deste estágio. Enfim, em Erasmus sê Erasmus, por isso «logo se vê» é a frase com que tranquilizo a minha mente.

E ainda assim não posso deixar de perguntar-me como é possível que no serviço de hemodiálise ninguém saiba onde ficam as instalações de Nefrologia...

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