Snow White fairy tale may be not so fairy after all

É certo e sabido que Praga é uma cidade altamente turística, um fim de Mundo onde muita gente vem visitar as casinhas de bonecas e fotografar os castelinhos coloridos que brindam os transeuntes com sonhos e fantasia. Quem já visitou o castelo desta cidade, principalmente a Zlatá ulicka (Golden lane), certamente pensou o mesmo. De facto, muitos são os palácios e palacetes, as pontes levadiças, as estátuas e as pessoas loirinhas de olhos azuis que parecem andar à procura do caminho de volta para o conto-de-fadas de onde alguém as tirou. Praga é, sem dúvida, uma cidade linda, e quando se maquilha de neve ainda mais incrível fica.

Nunca tinha vivido num sítio onde nevasse, por isso foi um pouco complicado concentrar-me a estudar a minha Neurologia enquanto os flocos caíam brandamente do lado de fora da janela. Ficava simplesmente maravilhada... Mas não era a única. Na praça central (Staromestská Námestí) encontrei vários turistas a tirarem fotografias em posições ridículas no cimo de montes de neve enquanto riam à gargalhada, e não deixa de ser engraçado o facto de ver as pessoas a circularem no subitamente reduzido espaço útil de circulação das ruas, tal como se fossem formigas a quem alguém estreitou o caminho.


Tudo muito bonito, um verdadeiro postal ou caixa de bombons Lindt - até que a neve derrete e deixa poças de lama que depois dão lugar a uma areia nojentinha que insiste em meter-se em todo o lado, principalmente nos sapatos rasos que repetidamente me esqueço de NÃO usar. Não estava preparada para tudo isto. Mas a dialéctica do conhecimento é uma coisa muito interessante, portanto depois de quase ter ficado cega à conta de rajadas de vento terem projectado centenas de flocos de neve contra as minhas órbitas enquanto eu corria, seria de esperar que fosse capaz de concluir um certo número de coisas. Não, ERROR, afinal trata-se de Demente & Luís. Concluindo, no dia em que caiu um senhor nevão, decidi dar folga às minhas meias e luvas e sair de casa às 2h apenas com uma t-shirt inocente e um casaquinho ligeiro. Brilhante (nesse dia era uma palavra que não conseguia pronunciar, bem como todas as outras que implicassem mover os lábios).


Queria eu que a sucessão de más escolhas indumentárias passasse despercebida, apesar de ao longo da noite ter ficado gradualmente mais azul porque ainda por cima nesse dia conseguimos ir a uma festa por detrás do sol posto, onde demorámos umas hora e meia a chegar. Mas não - a minha estupidez natural foi sendo consecutivamente brindada com frases como «Oh, you're so brave!». Misericórdia, por favor. Claramente a neve não torna tudo num conto-de-fadas, e o fenómeno Erasmus não aponta muito na direcção da sinceridade (ou da inteligência, no meu caso). Felizmente já sinto outra vez as minhas extremidades.

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