Czech in!

Foi no abraço apertado da Inês hoje à chegada ao aeroporto de Praga que a minha alminha penada chegou à conclusão de que a aventura realmente começou: DeMente & Luís está oficialmente em Erasmus.

Fazer a retrospectiva destes últimos quatro anos é um exercício engraçado. Tudo começou quando vim visitar a minha grande amiga e me apaixonei por esta cidade colorida com um cheirinho a História ao virar da esquina. O sonho passou a verdadeira intenção, foi alegremente condimentado com a descoberta de que a Univerzita Karlova é uma instituição de referência em Neurologia, conseguiu ultrapassar a inevitável circunvalação das burocracias internacionais e tornou-se uma realidade.

[O tremendo desespero em torno do botão Refresh do Gmail foi censurado.]

LIS-PRG, o passo fundamental. No meu agregado familiar é dado adquirido que em véspera de uma viagem de avião nunca se dorme decentemente, em função desse inegável talento que é procrastinar a arrumação dos pertences úteis e inúteis. Há dois dias orgulhava-me de ter contrariado a tendência, com uma mala prontinha e a servir de rotunda no meio do quarto, e ontem pelas 21h tinha vitoriosamente tudo empacotado. Resolvi então pesar a bagagem, abafar a angústia numa fatia de chiffon de noz, e dar a minha tarefa por terminada às 2h30 - em frente a nova fatia de chiffon de noz, ao fim de 3 rearrumações de cada mala e após o excesso de peso ter passado de 26 a 15 kg. Deitei-me algo orgulhosa e substancialmente mais balofa.

A viagem em si foi muito agradável. A cadeira era surpreendentemente ergonómica, sem recessos manhosos a importunar a minha super-hirta e metálica coluna vertebral (já agora, para aqueles que fizeram apostas, os meus ferrinhos não apitaram no detector de metais do aeroporto), a refeição era francamente comestível e fiquei junto a uma janela sem asa na frente. Dali pude apreciar a Europa central toda nevadinha, como se de uma grande sobremesa se tratasse... (Hmm, começo a ter saudades do chiffon de noz.)

Chamemos a este breve relato o capítulo 0 do semestre. Aguardam-se nervosamente eventos kármicos... Afinal hoje fico por Plzen, não por Praga, e ainda não estive por minha conta e risco. A minha avó há pouco preveniu-me que iria doravante contemplar-me nas suas orações. Espero que sejam longas novenas, eventualmente terei de cozinhar, e aí duvido que nem a salve-raínha me acuda. Talvez os bombeiros.

[Nota mental: certificar-me de que os há por estas paragens antes de aproximar-me de um fogão.]

[Consequente apontamento assertivo da Inês, em modo "mão amiga": «150, liga para o 150!!»]

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